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Mensagens

A mostrar mensagens de junho, 2022

Inverno tenebroso

  Abraço o corpo enfraquecido pela turbulência dos lodaçais Que agoniza perante as chuvas que se evaporam em solos de mordaças e temporais Refugiando-se a mente num submundo sem escravatura Fervilhando a revolta perante a indiferença e chacota dos demais   O isolamento contorna cada curva do feminino Entontecido pelas cavalgaduras sem rosto Capta sementes de destruição Torrentes agressivas de desilusão E os sorrisos transformam-se em rasgos de bocas Onde dentes sem mácula se preparam para triturar e engolir as presas   A sofreguidão de mimos e bajulações é tanta que se escarra Para cima de quem se mantém afastado da mímica De adoração de mafarricos à solta Batendo asas como loucos mesmo sem poderem voar     Neste inverno as nuvens pousaram em campos contaminados Em pulmões doentes expostos ao inquinamento das viroses Em hepatites devoradoras de órgãos contaminados por sugadores de sangue Proliferaram nas chicotadas psicológicas da loucura No

Desnorteamento

  Perdi a hora! Ergo-me da cama pela madrugada pensando serem horas de ir trabalhar Levanto-me e o ritual de saída de casa é feito sem pensar Alguém me informa - o que fazes? São cinco da manhã!   Caio em mim admitindo a desorientação O que andamos nós a fazer uns aos outros? O que estou a fazer a mim própria? Um vírus camaleão que nos assola há anos e permanece E uma guerra provocada por monstro mal-amado Que bane do vocabulário empatia e dignidade   A tosse viscosa pega-se a tudo e todos Como verme de ventosas colado à máscara A respiração ofegante anuncia a patologia instalada E mal o sol desponta há um ser humano a gritar sozinho No centro da rua revoltado contra tudo e todos   É o meu espelho! Estou muito perto dele! Os gritos de indignação e denúncia Permanecem acoplados ao coração agitado E o sonho da noite sacudiu as vozes gerando desabafos Ergueu os braços contra a incúria ignorante Caráter    pequenez e egoísmo que maltrata e