Abraço o corpo enfraquecido pela turbulência dos lodaçais
Que agoniza perante as
chuvas que se evaporam em solos de mordaças e temporais
Refugiando-se a mente num
submundo sem escravatura
Fervilhando a revolta
perante a indiferença e chacota dos demais
O isolamento contorna
cada curva do feminino
Entontecido pelas
cavalgaduras sem rosto
Capta sementes de
destruição
Torrentes agressivas de
desilusão
E os sorrisos
transformam-se em rasgos de bocas
Onde dentes sem mácula se
preparam para triturar e engolir as presas
A sofreguidão de mimos e
bajulações é tanta que se escarra
Para cima de quem se
mantém afastado da mímica
De adoração de mafarricos
à solta
Batendo asas como loucos
mesmo sem poderem voar
Neste inverno as nuvens
pousaram em campos contaminados
Em pulmões doentes
expostos ao inquinamento das viroses
Em hepatites devoradoras
de órgãos contaminados por sugadores de sangue
Proliferaram nas
chicotadas psicológicas da loucura
No aperto das gargantas e
no enforcamento da alegria erguendo psicoses
Neste inverno
prepararam-se os rituais fúnebres
Compraram-se bilhetes só
de ida porque para trás ninguém deveria voltar
Voltei costas ao desumano
e jogos viciados de poder
Acionei um plano de
emergência para salvaguardar a dignidade
Criei um barco de revolta
num mar repleto de criaturas vorazes
Que aniquilam os que
caminham sozinhos noutra direção
Preparei a viagem
provoquei nova aragem
Idealizei um campo
desminado para aterragem
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