Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de dezembro, 2019

Flashes de lucidez

  Foto: José Lorvão Os corpos mutilados acompanham a mecânica terrestre Variada e agreste perante os empurrões em osmose Que degeneram em acelerações incontroladas Causadoras de embates em ascensão de miragens Enquanto pontos minúsculos se debatem pensativos Na corrente de força bruta e indiferente Aos cortes profundos da animalidade em metamorfose O fogo explode sobre a velocidade da passarada Que sobrevoa as catástrofes inevitáveis Por entre flutuadores de fornalhas acesas Enquanto os bailarinos empreendem as piruetas estonteantes Contrariando o magnetismo da terra que alterada Põe a nu as suas feridas rasgadas e suturadas A hidrostática falseia as ondulações dos cetáceos Que dão à costa aproveitando as correntes termodinâmicas Em ascensão de improviso onde os desperdícios flutuam em mictórios Enganadores de magnetismos armadilhados pelos circuitos humanos Geradores de desastres em refração onde os mares côncavos Devoram as embarcaçõe

O espírito vingativo da serpente

Foto: José Lorvão Astucioso o reptil aprumou-se para ferrar as mandíbulas Lançando o jato virulento na oportunidade que surgia ali à mão Manipulando os cordéis suspensos sobre os peitos mirrados dos defuntos Acumulando poder e delírios de reconhecimento em baba solta e laganhosa Rastejando o ser narcísico e escamoso embevecido pelo sombreado que deixa no chão A sonoridade que envolve a serpente estruge nos outros surda e maldosa Indiferente egoísta defrauda planos no seu esconderijo ansiosa Crucificando mentes inativas amedrontadas com a míngua Enquanto favoritismos constroem projetos de podridão inacabados Culpando o espírito retaliativo da serpente os adjuntos desmazelados Sem que dês conta reptil nojento há uma rapinadora que te vigia do alto Acompanha-te os traços que deixas no descampado seco e amargurado Conhece o teu covil nauseabundo onde se reproduzem as criaturas à tua imagem Espírito de devaneios irrealista produtor de espetáculos de i

Aranha suspensa no centro do palco

  Foto: José Lorvão Traçou a aranha espevitada o seu próprio terreiro E colocou-se frente ao auditório expectante tentando a limpeza dos gazes imundos Vaidosa e de aparência enganadora de dançarina diplomada Não passou despercebida à feiticeira da tribo Que lhe arrancou a mensagem vinda das profundezas dos submundos Sua formosura é inconstante cortante homicida Qual camaleão invisível à solta por entre a multidão A urdidora emproada da fortuna trás com ela as luzes gélidas Da sabedoria abismal das placas tectónicas que moldam fachadas Para um gentio de rostos consternados pela sismologia traiçoeira E o aranhiço não sabe se desce ou sobe em fatal indecisão As cartas da sorte estão lançadas e proliferam caóticas as picadas Bem que ela se esforça por injetar a ordem no cosmos Mas é só no instante em que a teia fica perfeita De fios entrelaçados atraindo vítimas retalhadas em furor A divindade decide quem tomba sobre o altar dos sacrifícios E q

Flatulência

Foto: José Lorvão A flatulência enxertada na árvore esquelética Criou expetativas de doces e amargos adiando o suplício Da queda de frutos em abscisão enquanto dispneias se instalam No coração crucificado em dormência de hibernações desajustadas Por aberrações encantadas pelo fio condutor das caóticas rebentações E pelos cromossomas dançantes do vira e retorna enche e entorna As penugens aeróbicas volteiam por entre um pântano A asfixiar as estrelas em metástases denunciadoras Da hereditariedade em transformação em zonas asmáticas Arquitetadas no soterramento das galerias das minas de ouro Onde borbulha a hidrosfera à superfície contaminada Por metabolismos silenciosos de ventosas preparadas Para a investida em turbilhão de tempestade em forma de maremoto Arrastando as criaturas na água barrenta e revoltada Os decompositores aguardam o espreguiçar das vertentes sobreviventes Os fungos brotam na humidade do odor da terra E as bactérias alast

As cartas perdidas do baralho

Foto: José Lorvão O ponta afiada do lápis rasga o papel Amaldiçoando as armadilhas escondidas Na distensão das lâminas perfuradoras de fronteiras estagnadas Anuncia a rutura canalizada de protões em raivas incontidas Pula no centro do rodopio de luz e sombra num palco virtual Perante a visão turva dos incertos voos castrados Ilumina o espaço sideral dos gazes em volteio infernal As manchas bordadas na pele translúcida pigmentada Fazem pacto com as veias penetrando as cavidades do corpo sobrevivente Embrulham a mensagem aquecida em vinho morno De declínio mascarado de risos e gozos Num livro de ponto riscado a bisturi E desaparece pela fresta das paredes e corredores enleados Pelos grilhões enferrujados e arrastados na caverna ancestral Onde o bem não tem significado e é rei o sádico mal As cartas perdidas do baralho assentam nas lajes desmaiadas De outros jogos sujos de vida e morte E as horas e os minutos que se repetem na síncope huma