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A mostrar mensagens de agosto, 2019

Feito de memórias

Foto:José Lorvão - É o vosso aconchego que não me deixa partir Segredas-me ao ouvido que já não és tu Porque a energia se acumulou algures Numa zona obscura do teu corpo Por onde agora perpassam reminiscências quase centenárias Resplandecendo nas sinapses que vaticinam a traição Repetindo incansavelmente histórias de sobrevivência Sempre adornadas por mortes prematuras Que o trabalho austero e as contrariedades minaram Experienciaste a morte de irmãos de pais da companheira E sabes que chegou a tua hora Não acreditas em deus dominador A tua inteligência dá um salto mais além E assumes na tua intuição de alma velha Outros nomes outros conceitos para o milagre da vida Sentes que a descrença e a tragédia Foram as tuas amantes de viagem e se alguma força há Talvez seja um fantoche demoníaco que tira e dá Que corta e cose que alimenta e destrói pela penúria da fome Nem mil teorias te convenceriam de que és especial Tens consciência da tu

A palpação anunciada dos espectros

Foto: José Lorvão Soltam-se as feras das grafonolas açambarcadoras De marchas batuques violinos e embustes Cruzam-se as caudas denunciadoras de animalidade sem tempo Onde os felinos trepam às árvores Tatuando os troncos na impetuosidade das garras Anunciando a mensagem profética da exterminação Qual onda térmica sufocadora de sonhos Onde não há lugar para a mais pura ambição Assassina arrasta consigo a poeira de bailarina disfarçada Extravasando radioatividade egocêntrica minando intensidades e conspurcada Provocadora de cegueira e amnésia nas deformações do acaso Empastando a rede neuronal dos répteis arquitetos Fantasmas aniquiladores de alicerces roubados às crateras e fumarolas Respiráculos onde explodem as muralhas e se abatem as torres E os bispos escrevem uma nova história humana repleta de rainhas e reis Aguardando a bruxa má devoradora de fortalezas Enquanto os peões arlequins dançam na roda dos danos laterais Por onde a roleta-rus

A sonoridade inquieta das paredes

Foto: José Lorvão As paredes choram traçando pinturas de aguarelas No escorrer das gotas invasoras delineando selvas Clareiras riachos rostos rasgos e magoadas mãos Enquanto o núcleo terrestre abre infernos de galerias Que aspiram a mudança e se unem ao flutuante chão As palavras que os muros abafam deixam para trás Fungos multicolores com tentáculos de acesso a novos céus Onde as cúpulas são sustentadas pelas carícias hipnóticas do crepúsculo Bordando vazantes para a rebentação das ondas E para as grutas onde as criaturas descansam adormecidas Aguardando a sinfonia híbrida das cigarras onde o longe se faz perto E o voo vertiginoso da libelinha bastarda sobre os charcos gretados do deserto Os esqueletos revoltam-se na descida ao ventre terrestre Desagregando as células rainhas do conforto Os dentes desintegram-se algures em nutrimentos de feras E os peixes morrem no tanque por entre o musgo Que invade a dimensão bolorenta das velhas artic

O entrançar da memória

Soletro cada som inaudível tricotando o ventre Que acalenta reminiscências de cascos e garras Escamas pelos penugens e arremessos Zumbindo em primitivas armas Tateando cada saliência abertura cortante para o submundo De flutuações inconstantes inacabadas em movimentos dançantes Sem rostos nem esqueletos de palhaços rompantes Respirando o desdobramento da couraça dos anfíbios Onde serpenteiam as anacondas alimentando-se da constrição das fronteiras E dos corpos empilhados que permanecem cadáveres indigestos Desperdícios da raiva da ganância do ódio e da intemperança Advenho expelida pela garganta inflamada em alta pressão Deslizando por um escorrega de mil espinhos Duma incontrolável escuridão inominável Moldando as fraturas e hematomas Onde criaturas radiantes criam circuitos de distração Arriscando o mergulho em magmas ardentes Quais mágicos sabedores dos truques todos de ilusão Erguendo depósitos nas artérias latejantes Sobre a monstruo