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A mostrar mensagens de maio, 2021

A extinção dos vaga-lumes

    Desapareceram da floresta os pirilampos Nem pelos caminhos agrestes nem nos silvados assomam Agora só as máscaras flutuantes sobre o nada se cumprimentam Escondendo carpidos adornando desapontamentos Rasgando espaços onde mães esquecem os filhos em frações de tempos Injetando estupefacientes hipnóticos segregados pela recreação da avareza Que escraviza progenitores rebentando-lhes com a vontade   Erguem-se esquadrões de fuzilamento disfarçados de benfeitores Dissemina-se no corpo um sangramento ininterrupto Um ácido corrosivo que ateia por dentro E baralha as palavras em acasalamento frenético Facultando intimações do poder embrutecido No bulício dos milheirais transgénicos Imbuídos de um fascismo contaminado de cérebros sádicos Imbecis alheios à decadência ambiental Em que vive o exército anulador de inimigos Criados nas suas próprias veias Genocídios arquitetados nas próprias teias   Agora os melros e as poupas dejetam sobre os bancos dos

A Melodia da evasão

  Foto: José Lorvão Ouço a sonoridade embaladora que me encaminha os passos para a montanha Lá onde os pássaros multicolores esvoaçam entre as árvores E uma cabana de abrigo me espera para que os dias façam O sentido que o contacto humano não fez Pela insuficiência da entrega e desequilíbrio da balança dos afetos   Labuta um ritmo ténue no meu peito querendo abraçar as flores Criar rotas de acesso ao paraíso soltando o coração que pressente Os grilhões que me aprisionam a alma angustiada e insatisfeita   As mãos ansiosas de abraçarem o lobo selvagem solitário Que defende as grutas mais antigas da Terra Acolhendo fortunas subtraídas nas contendas cruéis pela subsistência   Lá no paraíso das borboletas não serão necessárias máscaras Nem cirúrgicas necessárias pela pandemia que nos dilacera os pulmões Nem as fuças desenhadas do engano trágico e teatral De quem aguarda em manhosice para dar o golpe fatal   Os meus olhos orientam-se para o verde das mar

O caranguejo mensageiro

  Foto: José Lorvão O intruso desloca-se lentamente na minha direção Estarei no leito ou em plataforma flutuante Uma das garras da criatura vermelho amarelada sobe para o meu espaço Não existem receios nem laços Apenas surpresa de tão inusitado encontro   Estou vulnerável à geografia exterior que se dilui comigo E nesta junção o crustáceo anuncia-me que existe um campo protetor Talvez uma armadura em forma de garras Que sacode para longe as energias obscuras De um purgatório arquitetado na mente humana   Resiste a concha invisível à espera de ser quebrada Para que a liberdade seja flor germinada em contra corrente Sobre as pedras escaldantes da calçada   Ah intimidade paradisíaca onde foste tu cair Para onde voaste invadida por intromissões cândidas Incisivas sob ameaças à luzência de um amor integral Na linha segregante do tempo algoz e amante   Viver o momento mesmo em sucessivas ausências e lonjuras O dançar eterno do virar as costas até r