Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2022

Germinação da esquizofrenia

  Foto: José Lorvão   A asfixia sobrevem abafando ainda mais dolorosamente o silêncio Os pássaros escondem-se algures na penumbra do arvoredo Dançando perante a indiferença do sofrimento humano o ritual do acasalamento Quando o sol desponta depois da tempestade de areia anunciando a ignorância Enquanto as malvas insistem na purificação das estações abraçando o momento   O negro aranhiço desencadeia tentáculos de extinção Tricotando laçadas de ganância que germina Na mediocridade acesa dos oligarcas Convencidos que o mundo gira à sua volta E que todos têm obrigação de veneração Cegos ao ângulo iluminado pelo amor Provocam a morte e a destruição   Os meandros caudalosos secam na cinza radioativa Sobrevoando a besta ensanguentada apontando os chifres Evaporando pisaduras colossais e sonoridades de pertença Despindo vestes cosmopolitas e tatuando ódio sobre o nu Dos corpos violados num mundo cinzento adverso Sem lei nem sorrisos de...

Equilíbrio

  Procuro equilíbrio no bico do prego revestido de ferrugem Perante as vergastadas invisíveis que me dilaceram A amígdala sobrecarregada com a invasão dos répteis Abrem-se os instintos escorrendo a ansiedade do corte Ondulando a depressão incontrolável massacrada pela visão da morte   Há um bloqueio em forma de choque que me trespassa a alma O respirar mecânico arrasta consigo os desgostos Enfeitados pela indiferença de quem perdeu a capacidade de sentir empatia Disfarçam-se os maus-tratos a hora certa Num trabalho austero em que a porta de saída está sempre aberta   A dubiedade é irmã gémea da falência A inquietação e esmorecimento acumulam-se Perante o cenário acabrunhado e cinzento onde floresce a indecência   O rebaixamento é executado com a frieza A depreciação provém do fundo do poço Onde as algas esfomeadas desejam o estrelato E as trepadeiras se enrolam aos nossos pés desejando a queda Em abalroamento do corpo e espír...

Máscaras de dor

  Foto: José Lorvão   As mãos vibram como prolongamentos de um corpo insaciado Mondam as ervas que teimosamente atapetam o solo húmido  Das chuvas tristonhas de início de Outono Enquanto os humanos acariciam o medo sem glória nem trono   Em agachamento as pernas procuram o equilíbrio Sobre o odor das raízes das ervas daninhas Fixando segredos da vida na profundidade da escuridão  As costas dobram-se em vénia como que adorando o solo E sob o sol e o calor do estio contaminador de suores A dor sobrevém contorcionista exposta num trapézio instável Dissolvendo o rosto irreconhecível nesta movimentação   O semblante dilui-se na secura abafada dos dias Enquanto a respiração acelerada No esforço de cavar a terra desmaiada pelo abandono Lado a lado com a mudez humilhada Em sonoridades múltiplas criando renovadas vastezas Rebelando-se a criatura contra a escravatura disfarçada   A máscara permanece apertada contra o nariz...

Ao Encontro da Terra