Avançar para o conteúdo principal

Equilíbrio

 



Procuro equilíbrio no bico do prego revestido de ferrugem

Perante as vergastadas invisíveis que me dilaceram

A amígdala sobrecarregada com a invasão dos répteis

Abrem-se os instintos escorrendo a ansiedade do corte

Ondulando a depressão incontrolável massacrada pela visão da morte

 

Há um bloqueio em forma de choque que me trespassa a alma

O respirar mecânico arrasta consigo os desgostos

Enfeitados pela indiferença de quem perdeu a capacidade de sentir empatia

Disfarçam-se os maus-tratos a hora certa

Num trabalho austero em que a porta de saída está sempre aberta

 

A dubiedade é irmã gémea da falência

A inquietação e esmorecimento acumulam-se

Perante o cenário acabrunhado e cinzento onde floresce a indecência

 

O rebaixamento é executado com a frieza

A depreciação provém do fundo do poço

Onde as algas esfomeadas desejam o estrelato

E as trepadeiras se enrolam aos nossos pés desejando a queda

Em abalroamento do corpo e espírito

Perpetradas por energias fétidas em situação cobarde de anonimato   

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Inverno tenebroso

  Abraço o corpo enfraquecido pela turbulência dos lodaçais Que agoniza perante as chuvas que se evaporam em solos de mordaças e temporais Refugiando-se a mente num submundo sem escravatura Fervilhando a revolta perante a indiferença e chacota dos demais   O isolamento contorna cada curva do feminino Entontecido pelas cavalgaduras sem rosto Capta sementes de destruição Torrentes agressivas de desilusão E os sorrisos transformam-se em rasgos de bocas Onde dentes sem mácula se preparam para triturar e engolir as presas   A sofreguidão de mimos e bajulações é tanta que se escarra Para cima de quem se mantém afastado da mímica De adoração de mafarricos à solta Batendo asas como loucos mesmo sem poderem voar     Neste inverno as nuvens pousaram em campos contaminados Em pulmões doentes expostos ao inquinamento das viroses Em hepatites devoradoras de órgãos contaminados por sugadores de sangue Proliferaram nas chicotadas psico...

A sobreposição das cordas

Foto: José Lorvão O olhar surpreende a chuva para lá do portal húmido da vidraça Enquanto o estômago é enganado no engodo vertiginoso De uma simples carcaça Os dias repetem os ecos os risos os choros os gritos os abraços e os sorrisos Mas a memória elimina conteúdos de tóxicos recheios Em sobreposição das cordas que serviram para enforcamento E que no agora se transformam em oportunidades de recreio Caminho dentro de roupagens ensopadas e escalo palcos De horizontes em metamorfose inebriantes inalcançáveis sedutores Os sentidos fundem-se com explosões e colapsos Embaraços e desembaraços piruetas e saltos à vara E o corpo de que sou feita prega-me partidas rindo da incredulidade Como se por encantamento ou feitiço me considerasse ave rara Neste atalho por onde deslizo sopro apenas como vento sem norte Uma gota de água derramada no abismo do oceano onde me esvaio e mergulho O resto excedente de uma planície que serve de alimento às bestas A...