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Germinação da esquizofrenia

 

Foto: José Lorvão


 A asfixia sobrevem abafando ainda mais dolorosamente o silêncio

Os pássaros escondem-se algures na penumbra do arvoredo

Dançando perante a indiferença do sofrimento humano o ritual do acasalamento

Quando o sol desponta depois da tempestade de areia anunciando a ignorância

Enquanto as malvas insistem na purificação das estações abraçando o momento

 

O negro aranhiço desencadeia tentáculos de extinção

Tricotando laçadas de ganância que germina

Na mediocridade acesa dos oligarcas

Convencidos que o mundo gira à sua volta

E que todos têm obrigação de veneração

Cegos ao ângulo iluminado pelo amor

Provocam a morte e a destruição

 

Os meandros caudalosos secam na cinza radioativa

Sobrevoando a besta ensanguentada apontando os chifres

Evaporando pisaduras colossais e sonoridades de pertença

Despindo vestes cosmopolitas e tatuando ódio sobre o nu

Dos corpos violados num mundo cinzento adverso

Sem lei nem sorrisos de crianças num triste decesso

Criando o gelo aguçado uma lágrima universal imensa

 

 Há um abrigo provisório onde mães se asilam

Um caminho transitório bombardeado

Onde se abrem veias sulcando defuntos

Decapitando flores em instantâneos gritantes

E as minhas mãos afundando-se no lago precário do contingente

Na indigesta e ácida sujeição dissimulada

Engolindo elocuções displicentes na fome absoluta

Deslizando na fugacidade do esfalfamento na palavra velada

Suspirando o ânimo em alerta vigilante

Sabedor da hospedada pecaminosa manipulação desalmada

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