As paredes choram traçando pinturas de aguarelas
No escorrer das gotas invasoras delineando selvas
Clareiras riachos rostos rasgos e magoadas mãos
Enquanto o núcleo terrestre abre infernos de
galerias
Que aspiram a mudança e se unem ao flutuante chão
As palavras que os muros abafam deixam para trás
Fungos multicolores com tentáculos de acesso a
novos céus
Onde as cúpulas são sustentadas pelas carícias
hipnóticas do crepúsculo
Bordando vazantes para a rebentação das ondas
E para as grutas onde as criaturas descansam
adormecidas
Aguardando a sinfonia híbrida das cigarras onde o
longe se faz perto
E o voo vertiginoso da libelinha bastarda sobre os
charcos gretados do deserto
Os esqueletos revoltam-se na descida ao ventre
terrestre
Desagregando as células rainhas do conforto
Os dentes desintegram-se algures em nutrimentos de
feras
E os peixes morrem no tanque por entre o musgo
Que invade a dimensão bolorenta das velhas
articulações
Espera-se a cópula final do suave plexo
Melódico hino de amor retornando às estrelas num
amplexo
As portas abrem-se para os catos sobreviventes
Enquanto os frutos secam nas árvores denunciando a
metamorfose
E o sábio descansa finalmente depois da contenda
Adormece com um repartir de cartas de quem sabe
distribuir o testemunho
E que em adeus indefinido baralha empreendendo
noutra dimensão uma bonificada senda
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