Foto: José Lorvão Sinto-te instalado no lago calmo da minha memória É lá que me reconstruo por entre os dedos envelhecidos de tricotar mágoas Escrevendo repetidamente o traçar colorido dos sorrisos e choros Que me agrilhoaram os encantamentos de infância Perante contratos terrenos presos às correntes nos adormecidos sonhos Pelas vergastadas dissimuladas na marcha da censura Que me orientaram os abraços que ficaram por dar Nas tempestades abrasivas e cheias provocadoras de rios enlameados De gemidos famintos de afeto e travessuras sem pecados Vejo-te aprumado pelejando pela vida experienciando a morte de irmãos Por venenos e soterramentos onde a tragédia espreita Como um bicho virulento sempre de atalaia Esperando a oportunidade de lançar a facada nos desprevenidos Sem meios de sobrevivência pobres e inocentes Como anjos que flutuam no espaço adornados de cambraia Pressinto desde sempre a tua luta contra as injustiças E a coragem de enfrenta