A desesperança opressora cava sulcos no cérebro
Quando a depressão demoníaca queima neurónios
Perspetivando a guerra eletromagnética num
subjetivismo sombrio
Pois só os delinquentes se aguentam no cenário austero
Porque desapareceu da face da terra o espírito do
guerreiro
A estranheza do envolvente recorta faixas da manta
negra
Entrançando a inaptidão de bem-querer que se afunda
No mar espesso e vertiginoso da exaustão
E a imperícia para sentir o respirar como dádiva
Provoca a queda abrupta e a asfixia do mundo interior
Que crepita como substituto do morrer lentamente em
agonia
Perante um sabor metálico corrosivo do bater do
coração
Não há como ultrapassar o horrível esquartejado do
mundo
Instala-se a virose cruel da carência do amor próprio
Vazando os olhos e as veias de sangue derramado
A vontade do declínio sobrepõe-se à do existir
Em que monstros praticam atrocidades sobre
os humanos
Onde se deformam em engenhos sedutores navegando neste
rio ácido
Arrastando homens mulheres e crianças em mau presságio
Quem sabe um voo sobre o precipício que despedaça os
membros no impacto
Uma partida num comboio para destino longínquo sem
regresso
Um punhal afiado cravado na carne ou uma arma de fogo
carregada de morte
E os ansiolíticos e sedativos atordoando as ideias em
subnutrição
Fica sempre a cena trágica entre o amor e o egoísmo
Neste acontecer sem filtros nem rede de apoio em
constante colisão
Entre a coragem e a ambiguidade enfeitada da cobardia
Cegando-nos na corrente vertiginosa da autodestruição
Há uma trama encadeada obscura que aprisiona seres no mar oculto
Por entre tentáculos que levam à boca o veneno amargo contra
a vida
Num mastigar devagar arquitetando o meio de exterminação
Agitando o prato escaldante em tenebroso atentado
E o objeto homicida empreende a viagem que se cola ao
corpo
E se recusa a contemplar o doloroso e contínuo ritual
de sofrimento
Sem ter para onde fugir sem lar sem afeto nem espaço
nem tempo
Comentários
Enviar um comentário