Um ser de pele luzente fixa-se no tronco mais antigo Arrasta-se pelo musgo estabelecendo-se na textura Na cor e rudeza dos contornos dos cantos e recantos das fissuras Procurando nas saliências o famigerado refúgio Escondendo-se nas rachas por entre os fungos no mofo das negruras Provocador de convulsões tem este animal no âmago a dissimulação A toxina que impulsiona a pressão sanguínea dos indesejados Que afasta do seu caminho colocando-os em fuga por hiperventilação Observa o fraquejar dos elementos lançando uma fina rede de suborno E na projeção da língua espalhafatosa atrai as moscas mosquitos Aranhas e outros seres movediços hipnotizados e facilmente engolidos Todos servem para lhe encher as entranhas até os vermes da mesma espécie Desde que permaneça no seu poleiro linda e sedosa como uma rosa A lambisgoia disfarça-se e balança-se Ora se agita ora se ostenta aflita Preparo o salto para longe deste pesadelo acordado Ah salamandra