Limpo os ruídos as lamechices as tagarelices os lambe-botas
Excluo também os bolos sem açúcar os queques
destilados a sangue frio
E os convencidos que a opinião é rainha na terra dos
mudos e surdos
Viro costas a quem sorrateiramente me despreza só
porque sim
Talvez o meu olhar intimide o silêncio agrida a
gargalhada confunda
O meu cansaço é oriundo da constatação da inutilidade
do discurso pobre
Da pressa com que se esbofeteia o outro só para se
suster mais tempo
No tronco da árvore mais elevado como macacos em folia
desenfreada
A minha neura provém da ligeireza das falas
Quando as sílabas oscilam sem nada dizer
Do esquecimento da musicalidade verbal
Do inverter a marcha andar de costas às cegas
E assim mesmo um som audível é vomitado no compasso da
azia plural
E entra a dança maluca que acelera almas e corações
Pulos de gafanhoto e voos de borboleta vestida de
veludo colorido
Apenas numa fração de segundo o júbilo do ser
ignorando multidões
Intensifica-se a paixão aconchegada pelo aroma dos
pinheiros
Pelo ritmo libertador dos pirilampos e florescência de
fungos futuristas
No íntimo da floresta recheada de musgo em
reentrâncias rejuvenescidas
As silhuetas recortam o céu o sol as estrelas como se
elas
Fossem as causadoras dos elementos em degradação e
tivessem
O poder de reverter a morte em ligações tentáculos e
teias em germinação
Que faz a minha pele neste reino em voz acelerada
Senão a procura o espanto a estranheza o tudo que se
entranha no nada
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