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Os enredos diabólicos do tempo

 



 

Os arames enferrujados escondem-se na densidade petrificada do betume

Enquanto homens de tronco nu recebem o sol que lhes bronzeia a pele

Martelando as placas de aço geométricas contrariando o ponto de gravidade

As mulheres insatisfeitas e exaustas anseiam mãos delicadas e macias

Amassando os paladares sobre a língua em agridoces gastronomias

 

O cupido morreu nos braços da prostração e desprendimento

Outros amores brotam dos corações sem fronteiras

Agora o meu corpo dilata-se para além da pele e esvoaça

Num espaço de moléculas que transferem ao toque

Mensagens em código sobre a arte libertária da criação

Perante um relvado inundado de mães e filhos

Escapando à pandemia qual ameaçador flagelo

Quando se iniciam as viagens multimilionárias

Acima do planeta volteando no degelo

 

Este tempo!

Este século vinte e um traiu-me os sonhos

De navegar no firmamento

Quando a imaginação de menina

Me transportava para lá da lua fria e austera

E me aventurava na descoberta de outras formas de vida

Mas traiçoeiro o tempo em puro sufoco

Aqui me mantém prisioneira da Terra!

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