Foto: José Lorvão |
O ponta afiada do lápis rasga o papel
Amaldiçoando as armadilhas escondidas
Na distensão das lâminas perfuradoras de fronteiras estagnadas
Anuncia a rutura canalizada de protões em raivas
incontidas
Pula no centro do rodopio de luz e sombra num palco
virtual
Perante a visão turva dos incertos voos castrados
Ilumina o espaço sideral dos gazes em volteio infernal
As manchas bordadas na pele translúcida pigmentada
Fazem pacto com as veias penetrando as cavidades do
corpo sobrevivente
Embrulham a mensagem aquecida em vinho morno
De declínio mascarado de risos e gozos
Num livro de ponto riscado a bisturi
E desaparece pela fresta das paredes e corredores
enleados
Pelos grilhões enferrujados e arrastados na caverna
ancestral
Onde o bem não tem significado e é rei o sádico mal
As cartas perdidas do baralho assentam nas lajes
desmaiadas
De outros jogos sujos de vida e morte
E as horas e os minutos que se repetem na síncope
humana
Em patologia fulminante sem calor sem horizonte
Gritam aos ouvidos dos surdos que indiferentes à
matança
Assinam com a sedutora medusa uma cinzenta e histérica
aliança
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