A globalização comunicativa exala um odor de embuste recheado de sorrisos
Os
inocentes caem amedrontados e atónitos nas redes dos malabaristas de anéis
E
trapezistas de longo curso alcançam as fragilidades alheias
Magicando
enfeites e estratégias recheadas de emboscadas e paladares imprecisos
As
galinhas juntam-se para cacarejar deixando os ovos e os pintos à sorte
Mas
a raposa oportunista espreita com postura acrobata
Sedutora
empreende conversa de circunstância e de focinho populista
Distribui
beijos e abraços enquanto os dentes se aprontam
Para
saborear a lustrosa refeição controlando os ignorantes em jogo fascista
É
que num mundo de fantoches não há tempo para viver
Reagimos
como se estivéssemos já mortos e os espasmos elétricos
Volteiam
num surgir vertiginoso de cenas teatrais em palcos de combate
Distendendo
os corpos cansados como últimos meneios humanos patéticos
Os
galiformes tagarelam no tempo dos animais falantes em agudo polimento
Nas
redes sociais viciadas na cacofonia vazia e na dependência das selfies
Pois
poucos têm pachorra para contemplar energúmenos e bestas
De
marketing afiado para derrubar os fracos de entendimento
Desfalecem
os narcisos na ditadura dos festins ao alcance do teclado
A
fama imaginária e paranoica lança a rede panorâmica em cenários irreais
Sobre
bezerros seguidores vítimas da contabilidade das multinacionais
Perdendo-se
na corrente de contrabando onde tudo se troca e vende
A
alma e corpo e até os próprios filhos e mães
A
censura corta a fundo mesmo cega e macabra sem coração humano
É
uma máquina maquiavélica que sorteia quem vive e quem morre
O
algoritmo desliza como sensor travando a contenda dos astuciosos
Pois
se há quem não tenha teto permanecendo na polvorosa da desilusão e do mal
Também
existe quem não sabe o que fazer ao dinheiro adquirido por fraude fiscal
A
liberdade encolhe-se nestes tempos de hipnose coletiva
O
medo das palavras instala-se nas veias
E
são substituídos por bonecos que riem e choram parabenizam e zangam-se
E no
silêncio do desenho simbólico impõe-se a mordaça da língua
Que
expõe as subtilezas e sentires do ser humano de locuções meladas
E
sem nos darmos conta o automatismo instala-se na corrente sanguínea
Desconheço
que espécie de humano sobressai do monitor aguardando o carrasco
Neste
tempo em que o pavor se instala entre quatro paredes de solidão
E a
linguagem permanece agrilhoada nas bocas caladas
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