Foto: José Lorvão |
O aroma agonizante do
vinagre lança dardos cortantes na pele desprevenida
Na visão angustiante da
carne das mãos, mirrada e carcomida pela acidez da indiferença
Lutam as formigas por
comida escondendo-se nas ervas daninhas invadindo palácios
As portadas entreabertas,
sem receio de assaltos pois que nada existe de riqueza
E o abismo espreita sobre
a escadaria de uma biblioteca inventada
No deslizar de um
crocodilo de boca aberta e esfomeada
Os pés descalços da
princesa esmorecida sem vontade de se rebelar
Provocam o colapso das
veias na palpitação das unhas rasgadas
Contra as vidraças ocultas
e estilhaçadas do assalto iminente
Esvoaçam os passos de
fantasmas num piso de silencioso abandono
Velando o pranto
sufocante do inocente
A claustrofobia esgarça um
espaço reduzido imitador do céu
Com gradeamentos a ouro suspensos pela agonia
E a esperança arcaica e
carcomida de que a morte
Será rápida como
relâmpago na interminável noite que finalmente é dia
Os meus olhos
comprimem-se pela observação
Do nivelamento rasteiro
em podridão ética
Até onde as mulheres se
cobrem e escondem
E as correntes atordoam a
diminuta inteligência de estafermos
Manipulados por
alucinados pelo ego contaminados
Não há razão para sorrir
Porque os tempos são de
propagandas decrépitas
Tempéries e eflúvios de imundícies
E o meu coração arde
ansiando a transformação radical
Deste conjunto de danças
macabras adoradoras do mal
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