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Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2019

Refluxo

O refluxo plastificado das lixeiras emerge na força das marés revoltadas Com a ansiedade de controlo e poder dos vírus pardacentos Denunciando o espetro raquítico e esponjoso dos homicidas Perante a obstrução dos canais que criam floreados galerias De criações humanas que se contaminam pelos desarranjos dos metais E destroem círculos sagrados onde se erguem ermidas A ambição e a vaidade amordaçam mentes inquietas Perdendo-se em oceanos de superficialidade Contribuindo para banquetes de insipiência Para matança dos consagrados no desmantelar Dos corpos gigantescos das carcaças E a fome esquizofrénica de proteínas À custa de criaturas manipuladas para devorar Com as gargalhadas dos esfomeados assanhados de imortalidade Os poços corroem-se na acidez fétida dos estrumes E os peixes sofrem com a metamorfose dos mamíferos    A flutuação dos desperdícios denuncia as pocilgas Vertendo o metano nos acumuladores de bombas por deflagrar De arma

Ecos de um pensar maior

Foto: José Lorvão As gotas de água ampliam a perspetiva cinzenta das árvores nuas Pela lente do sonho pardacento por entre o cruzamento De pinceladas alvoraçadas sobre o informe volátil Dos elos quebráveis no despertar das projeções cruas Os falantes não se dão conta da realidade subjetiva Estendida em palpação nos veludos dourados de um sol invasor Lançando dardos e fluídos espevitando o verbo Peneira diluída na força da expressão da vida A refração hipnotiza as condutas de oxigénio Onde florescem catos sobre o prisma da perfeição das molduras Qual afago ajustado na delicadeza do toque em transe E no renascer da cópia enlaçando o raspar das esquinas Trocando infinitas faculdades em truques mágicos Denunciadores de danças ancestrais conturbando rituais de animação Teatro de tragédias abissais onde a ação se expande Em fria argamassa de paraísos e infernos Gerados no sopro eterno dos mistérios

Que essência que demência?

Foto: José Lorvão Borbulham fluidos amarelados acantonados na dimensão Incomensuravelmente pequena do meu invólucro Criando batalhas de desfloramento no interior da infinita existência Em batimento cardíaco acelerado desfazendo o motor cansado Perante um cérebro desfeito e em curto-circuito irado Gozando com a falência da prova empírica que rasga as receitas precisas e estreitas As mãos alisam os cumes as arestas o áspero dos caninos As mordidas esfomeadas dos felinos E perdem-se em prece na história limitada Prisioneira de perspetivas mitológicas ensanguentadas Agita-se o peito por entre beijos de lábios crispados denunciantes de mordaças Contorcendo-se os membros pela noite com dores lacerantes Deixando que a angústia existencial impulsione o desejo de tudo se esfumar Com a certeza de que será para sempre o recomeçar E neste ritual acabrunhado incerto impreciso amargurado mundano Não se encontra razão que atenue o absurdo do humano   Qu

A conotação pegajosa da palavra

Foto: José Lorvão O prazer sádico explodiu no grupo intoxicado pela inanição Onde a anemia minou neurónios e furou os tímpanos dos macacos em apatia Só os urros espumam das mandíbulas do canzoal esfomeado de sangue Qual desejo de sanguessugas incoerentes e cobardes Que se agitam na germinação da violência no âmago de criaturas Sem rotas sem projetos sem criatividade manipuladores de horror Onde se soltam tatuagens de embalar espíritos vazios procurando poiso Assinando contratos atestados controladores de morte vida e dor E o ego a rebentar de trampa distribuindo agressão gratuita Qual boneco saltitão dos anfiteatros e bancadas De língua afiada cuspindo bactérias destruidoras de inteligência Enrolando-se na estupidificação especialista em venenos psicológicos De sinfonias descontroladas e desfasadas Então a festa dos corpos desfaz-se em gritos colapsados pelos apedrejamentos Gestos que lançam escarros virulentos das bocarras escancaradas dos de

Chapéus de chuva ao vento

Foto José Lorvão O trevo de quatro folhas voou sobre as cabeças molhadas dos pedestres Em vagares de ócio depois da canseira do labor sem sentido Remunerado como passatempo inacabado floreado e garrido Aguarda-se o desanuviamento pardacento e a evaporação das pingas Num pavimento incerto entre passadas femininas evitando os charcos em duvidoso corrimento As vozes sábias confundem-se com a gesticulação das mãos denunciando o grito lamento No brado adivinham-se parques de diversão mesmo sem melodia Enrolando-se as línguas confusas e doridas no som embaraçante do vento O trevo de quatro folhas não trouxe consigo a sorte Não impediu os complexos de culpa E não evitou o contratempo da morte Sucumbiu às crenças dos homens sobre o firmamento Apodreceu por entre neurónios de entusiasmo frenético De quem faz um filho com a força do bélico E desfaz a individualidade em proveito da universalidade do ligamento Ah os chapéus de chuva ao vento! São pronúnc

Conforto patológico

Foto: José Lorvão Há um conforto patológico no dinheiro Quando passamos a estar ao serviço deste excremento Em lugar de o utilizarmos como adubo Nas hortas suspensas dos nossos sonhos Pastando em terrenos contaminados a sensação de segurança obtida Pela riqueza acumulada no entesoirar dos bens Fruta apodrecida em esconderijo pela esperteza saloia consentida É uma energia subtil de raiva e ódio A que adquirimos na ilusão de controlo Neste chumaço humano de poder e capital Criando ranço nos tachos vazios de conteúdos Apenas o vácuo de palração artificial De quem escava galerias adormecidas No tilintar monótono das moedas A consolação enferma do perfilhar dos cofres Guardadores de códigos e joias Encerra a esquizofrenia dos milionários Que assomam dentaduras artificiais de sorrisos embelezados Imitando o perfecionismo paranoico Na simetria dos bastardos Agitando a luxúria mórbida no consumo do bem material apocalíptico Co