Foto: José Lorvão |
Há um conforto patológico no dinheiro
Quando passamos a estar ao serviço deste excremento
Em lugar de o utilizarmos como adubo
Nas hortas suspensas dos nossos sonhos
Pastando em terrenos contaminados a sensação de
segurança obtida
Pela riqueza acumulada no entesoirar dos bens
Fruta apodrecida em esconderijo pela esperteza
saloia consentida
É uma energia subtil de raiva e ódio
A que adquirimos na ilusão de controlo
Neste chumaço humano de poder e capital
Criando ranço nos tachos vazios de conteúdos
Apenas o vácuo de palração artificial
De quem escava galerias adormecidas
No tilintar monótono das moedas
A consolação enferma do perfilhar dos cofres
Guardadores de códigos e joias
Encerra a esquizofrenia dos milionários
Que assomam dentaduras artificiais de sorrisos embelezados
Imitando o perfecionismo paranoico
Na simetria dos bastardos
Agitando a luxúria mórbida no consumo do bem material apocalíptico
Como se com ele comprássemos a eternidade
E mesmo alcançando-a para que a quereríamos?
Seria o suplício perpétuo numa amolação vergonhosa
A preguiça sem sumo no desaprender lento do regozijo
O construir de fortificações suspensas nas
costadas da ciência
Manipuladora de vírus e bactérias
Robóticas e translúcidas prisões em forma de
esferas
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