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O alastramento dos insetos




As árvores acordam perante a revolta das abelhas
Quando a picada em forma de porrada
Anuncia os campos de fogo onde escarafuncham centelhas

A contaminação das terras
As sementes em transformação
Comprimem o esfregaço o embaraço
O enriquecimento a contrafação
O fervilhar químico dos mares
A palhaçada o nada
O estampido preciso no desfalecimento dos lares

A flutuação das lixeiras a peçonha a vergonha
A putrefação dos currais volteia em eterno retorno
Vomitados pela serpente do engodo do esgoto
O cheiro cinzento da borracha no asfalto
A inundação das ervas trepadeiras
Apagando os hieróglifos do aviso da catástrofe
As pedras milenares talhadas
Ao abandono das searas e a destruição das videiras

Os algoritmos instalaram-se pomposos
Nas linhas magnéticas do sol e nas vias rápidas virtuais
Nos túneis elétricos das equações matemáticas
Decidindo em ignorância total o fuzilamento
Escondem-se o juiz e a lei nas meias verdades em estrangulamento

O ser humano é empurrado para um jogo de xadrez
Que se move às cegas e se pode definhar
Na iminência sinistra da desinformação
Perante a hipnose zombie dos indivíduos
Enquanto salões gigantescos de vozes consumistas
Exploram o planeta e arquitetam
O rebentamento dos mealheiros perante o sacudir das tribunas
Entre o hastear das bandeiras invertidas pelas falsas urnas
E o furacão aparente em jogos sub-reptícios das assembleias
Traçam vozeados de passatempo em movediças areias

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Foto: José Lorvão O olhar surpreende a chuva para lá do portal húmido da vidraça Enquanto o estômago é enganado no engodo vertiginoso De uma simples carcaça Os dias repetem os ecos os risos os choros os gritos os abraços e os sorrisos Mas a memória elimina conteúdos de tóxicos recheios Em sobreposição das cordas que serviram para enforcamento E que no agora se transformam em oportunidades de recreio Caminho dentro de roupagens ensopadas e escalo palcos De horizontes em metamorfose inebriantes inalcançáveis sedutores Os sentidos fundem-se com explosões e colapsos Embaraços e desembaraços piruetas e saltos à vara E o corpo de que sou feita prega-me partidas rindo da incredulidade Como se por encantamento ou feitiço me considerasse ave rara Neste atalho por onde deslizo sopro apenas como vento sem norte Uma gota de água derramada no abismo do oceano onde me esvaio e mergulho O resto excedente de uma planície que serve de alimento às bestas A

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