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O perímetro sinuoso das mãos

Foto: José Lorvão

 

A boca captura a força da destilação

Depois da agitação desenfreada em sobe e desce

Tingida pelos frutos da alienação

Enquanto zonas termais amaciam os membros esgotados

Renascidos das sepulturas dos escravos em expansão

 

Os espelhos reveladores criam risos amplificadores de óticas

Propícias ao deslumbramento de maremotos incontroláveis

Que pelo turbilhão em carnificina cega provocam o esquecimento

E traçados geométricos riscam o espaço circunscrito dos cubículos

Pela dentição desfigurada de amamentação perdida e doente

 

A eletricidade espalha-se pelas paredes de cimento

Desfeito pelos nevoeiros salgados persistentes

Originados pelas algas afundadas e pelas medusas caladas

Que se desfazem transparentes na opacidade do areal

Poluído de ignorância em forma de alucinado vendaval

 

O magnetismo das mãos esboça desejos circunscritos

No útero regenerador das velocidades cósmicas

Provocando os fluídos abrangentes da eternidade intermédia

Enclausurada nos interstícios imagéticos dos buracos negros

Gargantas fundas por onde a matéria regressa ao informe

Desfalecendo nos dedos sabedores e precisos da magia afiada

Das lâminas das nascentes impulsionadoras de movimento

Em simulacros extensíveis em folclores de asneiras

Erguendo passadiços escorregadios e deslizantes

Suspensos nas dunas a escaldar sedando o corpo faminto

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