A revolta interior estonteante e em brasa empunhou a
espada ao alto
E preparou-se para debitar um discurso numa imprecação
Ficou decidido que não obedeceria nem a reis nem a
imperadores
E muito menos a medíocres saídos da lama subalternos
estupores
A insurreição assinou um pacto invisível com o
conflito
Mesmo de logística ausente sem armas e instrumentos de
arremesso
E vestindo-se de coragem planeou convicta submergir
nas entranhas
Viscosas e fedorentas do cérebro humano sem oxigénio
Qual cirurgiã alucinada mudar-lhe-ia a estrutura os
compartimentos
E na massa mole inventaria circuitos novos por
sinapses cintilantes
Para traçar mapas tatuados à prova de amnésia nos
cornos das bestas
Ultrapassando topologias agrestes vertiginosas e
incongruentes
A sedição associou-se às mágoas com mossas profundas
no coração
E determinada construiu atualizados canais de
comunicação
Edificando galerias e programando estímulos no homem
indolente
Abanando neurónios provocando-lhe o acordar
Do horror da aceitação indiferente dos mortos vivos da
alienação
A sábia rebelião sabia que cada pedra da calçada
Faz parte de um trabalho de esforço gigante
Transforma-se num ápice em arma contundente
Tal como os escorpiões que se alojam discretos em
interstícios invisíveis
Para lançar a ferroada ao que dorme desprevenido num
instante
O pai do conflito determina que as folhas tombem
Para outras nascerem perpetuando a árvore
Cada homem na sua passagem pelo mundo visível nasce e
morre
Para que o ciclo perpétuo do renascimento se propague
No abraço poderoso e efervescente da entidade que acolhe
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