Cintila um raio de luz no sorriso atrás das máscaras
Contrariando o receio do descontrolo e insegurança
Mesmo com o suor do rosto a escorrer sob o pano
Permanece uma postura serena de apaziguamento e
esperança
Mas sentem-se dias azedos em que uns se queixam das eternas
maleitas
E outros desesperados imaginam-se a sufocar entubados
num horror real
Na cama solitária e desesperada de um hospital
Fala a entidade desnaturada sem destino sem origem sem
guarda
Prisioneira de mim invertendo hierarquias rasgando o
livro
Nos quarenta graus abafados de loucura fantasmagórica
e pestilenta
Enquanto salta até à urna diminuta onde permanecem em
descanso
As cinzas do que resta do passado que outrora foi presente
vivo
Os gestos de resiliência contrariam os incómodos pesadelos
Mais agudos de alento faminto e incerto de
inconsistência
Persistentes as mãos húmidas insistem nos afagos na
ajuda
Na salvação de seres transmitindo coragem
Mesmo sem meios sem apoio absoluto sem amaragem
O sorriso por detrás da máscara é esforço subtil e
veloz
Faz pacto de confiança com os jovens e as crianças
Quem sabe se no centro desta intempérie descontrolada
Não deixamos de ser vazios cruéis ignorantes e frios
Enquanto a transição é penosa ansiada e esperada
E criamos mais substância colorida e alegre dentro de
nós
No entusiasmo dum entardecer a partir do deleite de
uma sacada
Não me prendam em vácuos lacrados de falecidos
de outrora
Porque me tornarei abertura de fuga em solitária
esplanada
Lancem-me apenas sobre a serra de onde se avistará o
mar sem demora
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