O camelo do novo mundo
cospe sobre a criatura que o enfrenta
E espicaça no silêncio
gélido de energias transitórias
Julgando que é uma
afronta e ameaça
Mas o ser que o observa
mantém apenas a boca calada
O mamífero ruminante
mastiga o alimento e prolonga o processo
Regurgitando as teorias e
preconceitos
E em todos descaradamente
o majestoso põe defeitos
Animal de carga que não
consegue disfarçar o seu aborrecimento
Do alto do penhasco
analisa as criaturas restantes no amontoado da carneirada
Convicto que as fezes
também podem transformar-se acionando outras alquimias
E fazer do desperdício um
autêntico alimento gerador de folias
Então explode em gestos de irritabilidade
Uma chamada de alerta
para a sua presença
E para a sua delicada
crença
Então a cuspidela
fedorenta
Voa e cai certeira no
alvo
Pois que a imagem
provocadora o atormenta
E em mudez cortante e
acusatória o enfrenta
Espertalhão e não burro
de carga
Recusa-se ao transporte
É inteligente e astuto
De quem nunca perde o
norte.
Pachorrento refugia-se na
sua lentidão
Engana a comunidade de
camelos permanecendo dócil e simpático
Mas o cuspidor irrita-se
com os pormenores no campo de visão
Com quem não lhe faz
vénia em jeito de escrava vassalagem
E não tem a mínima
paciência para quem não lhe presta atenção
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