A energia libidinosa
ascende aos lugares mais inóspitos
E enterra-se nas cavernas
aguardando as criaturas desavindas
Na miscelânea campal
espremidas até à última gota de água
Enquanto a borboleta
deposita os ovos
Na superfície abaulada
das contradições
Convencendo-se que o seu
reinado chegara ao fim
E que as partículas
desgastadas
Desligadas do entusiasmo
Flutuariam por cima dos
riachos
Onde as rãs coaxavam
procurando acasalamento
A mariposa faz agora amor
com o silêncio das flores
Que nascem no asfalto dos
paradoxos
Bloqueando a alegria e o
riso
Enquanto o oxigénio rarefeito
enfraquece os pulmões
Pela repetição da queda
das folhas de outono
Bloqueando a lucidez o
amor e o siso
A criatura alada esquece
os afagos os toques as harmonias
Capta somente uma melodia
repetitiva ao longe
Como uma lengalenga que
se dissolve na sonoridade inquieta do mar
O auditório enfraqueceu
pelo balbuciamento sem veemência
Monótono e sarcástico
envolto na rugosidade do corpo atarantado
Esvaindo-se no medo abrasador
do contágio
Como se a ferida
repentina nas entranhas caladas
Fosse miragem ou uma
arquitetura do submundo qual presságio
Os vivos estão em pó e as
ossadas jazem a um metro de profundidade
No solo quente e seco do
deserto dos famintos
Onde os campos não são de
ninguém sem intento
E a míngua traçou
destinos de miséria e morte
As paredes das casas
estão esburacadas e as cobras procuram os ratos
Por entre os labirintos
das construções humanas em desabamento
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