Vibro na inquietação das unhas esgarçadas de quem
boceja sem vintém
No colapso vertiginoso da vida num inconstante salto à
vara
Que para não definhar empreende as correrias do
desastre e nunca se detém
A embarcação é una como um emaranhado de tentáculos de
informação
Em que não há fronteiras nem muralhas nem canais de laqueação
Pois os caminhos retornam sempre à matriz da
engenharia embrionária
Açoitada pelas galerias de fogo que esfriam
petrificando o ovo
Na temporalidade prisioneira de dissimulação da fama
Que se dilui na poça de água colada ao pesadelo
debaixo da cama
No entrançado das janelas do corpo dilatado e
sangrando
Espreita-se o branco puro de outros aranhiços
Marchando em carris de lava vertendo-se no mar revolto
Em múltiplas flutuações de dinamismos cortantes
Na amalgama leitosa e gelatinosa de seres rastejantes
Porque tudo o resto no coração da Terra anda à mercê
da obscuridade
Nos esconderijos dos bolsos cravejados de tesouros
espoliados
Perante cenários denunciadores de cérebros
desajustados
Onde os peixes desmaiam nas margens dos lamaçais
ácidos
E na evaporação vertiginosa dos charcos sulcados pelos
cágados
Anunciadores das catástrofes enquanto madrastas se
enfeitam
E de revolta em gritos guturais choram as desgostosas
mães
De mãos rugosas de sequidão filhas do acaso ainda têm
força
Para delinearem as arquiteturas caóticas de um delírio
Provocado pelo ladrar conflituoso dos famintos cães
Pela debandada esbelta e rosa dos flamingos
E pela teimosia do retorno das cegonhas aos ninhos
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