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 "Estilhaços no caminho", o meu terceiro livro de poesia, editado pela Chiado Editora no mês de Fevereiro de 2021.

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Inverno tenebroso

  Abraço o corpo enfraquecido pela turbulência dos lodaçais Que agoniza perante as chuvas que se evaporam em solos de mordaças e temporais Refugiando-se a mente num submundo sem escravatura Fervilhando a revolta perante a indiferença e chacota dos demais   O isolamento contorna cada curva do feminino Entontecido pelas cavalgaduras sem rosto Capta sementes de destruição Torrentes agressivas de desilusão E os sorrisos transformam-se em rasgos de bocas Onde dentes sem mácula se preparam para triturar e engolir as presas   A sofreguidão de mimos e bajulações é tanta que se escarra Para cima de quem se mantém afastado da mímica De adoração de mafarricos à solta Batendo asas como loucos mesmo sem poderem voar     Neste inverno as nuvens pousaram em campos contaminados Em pulmões doentes expostos ao inquinamento das viroses Em hepatites devoradoras de órgãos contaminados por sugadores de sangue Proliferaram nas chicotadas psico...

Carreiro íngreme

Foto: José Lorvão   Mastigam-se a custo os cardos feitos de contratempos e inseguranças Os prazeres sufocam cerrados no baú secreto em lugar incerto e pulveroso Abundância não vive no meu tempo de vida neste mundo Mas que carreiro é este que me magoa os membros de piso escabroso E ameaça a todo o instante a queda deslizando sem controlo até ao fundo   Os obstáculos que ultrapasso provocam a miscelânea da ruína E o triunfo que obtenho transita pela névoa em substância neutra Que me suaviza os dias persuadindo que sou ser sem idade Apenas um corrupio de vocalizações automáticas de ansiedades e esforços De subidas e descidas de escorregadelas e deslizes   Mas prossigo o ascendimento ignorando para que local me dirijo Este caminho íngreme de terra onde rolam pedras por entre buracos Provoca-me o cansaço asfixiante do calor do deserto por entre cacos   A mão que segura a minha é de alguém que conhece e ampara A minha dificuldade de locomo...

O corpo

  O aglomerado retesa-se pelas forças da desordem Com o espirro a lançar-se furioso sobre a vidraça quebrada   E o corpo deteta o perigo nas articulações em alerta Selando fungos viroses alergias e psicoses Esmagando o prazer na zona obscura e silente do ser Insurgindo-se vociferando contra ruídos dos joguetes de lata Circulando nas veias apertadas e esquizofrénicas da ganância A urgência da crença nos valores humanos ficou adiada no passo das cavalgaduras Enquanto pedagogos copiam estratégias ultrapassando traumas e subtil terrorismo O corpo sonha o seu desagrilhoamento concebendo-se na sua identidade Tentando construir ninhos de incógnitas na circularidade do parasitismo   O subjugado abjeto trespassado pela perturbação Ensaia a deterioração pela insatisfação apurada em vácuo Pois a igualdade humana é fictícia numa película de terror E a não interferência testemunhando ocorrências destruidoras É sinal de indiferença insensatez insensibili...