Rasga-se o véu protetor e delicado que serve de porta fechada
Impedimento fantasioso da miscelânea em toada
Quando o reino da invisibilidade quebra o gelo
desfaz-se em farelo
E assoma as garras negras à superfície que se torna desmazelada
Gozando com a ignorância contagiosa animal
E com a cegueira humana corrosiva que lhe é fatal
Os fornos agitam estridentes a tristeza dos submissos
Nas cidades silenciadas e asfixiadas pela ambição
capitalista
Onde os sôfregos operam em palcos de ferro e aço
Escravizando humanos em catacumbas de betão
Inundadas de lágrimas onde as cordas enroladas em nós de
forcas
Anunciam o vórtice trágico em implosão e inevitável
embaraço
E nos recantos mais escondidos a virologia esgaravata
para lá do portal
Misturando e decompondo rompendo e manipulando
Nas ruas nuas desertas de gente sem bem nem mal
Perante os pássaros que voam apregoando a liberdade
Enquanto os velhos se esvaem mirrados nos lares
Mascarados escondidos pela delinquente sociedade
Abandonados à sorte débil da sua aflitiva realidade
O surto incute o medo a ansiedade a claustrofobia
Revoltam-se os deuses da natureza e os seres violentos
Em dormente e autómata esquizofrenia
Tatuando as serpentes com mensagens de defuntos
Pois mastigam-se os ratos voadores da noite enluarada
Anunciadores de epidemias arrasadores de beleza e
esperança
Pois as moléculas dançarinas gozam arrombando
barreiras
Cavando sulcos homicidas nas gargantas cantoras
De ópera trágica cozinhada e fervida no turbilhão
aceso da ganância
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