Foto:José Lorvão |
Vibra nestes tempos de catástrofe muda de incerteza
Uma Primavera obtusa dos homens assombrados pelo
mostrengo invisível
Que lhe invade o sistema e o corrói por dentro em ânsias
proféticas
Carimbando passaportes para o reino incógnito que
sustem a vida como se fôssemos
Os desperdícios de uma outra vontade que se dilui nas
criaturas anémicas
Enleando-se um bordado de eterno retorno germinando
dentro da campânula que protege em trejeitos vãos
E ao mesmo tempo asfixia nos abraça e nos corta a
garganta
Nos dá livre-arbítrio e nos decepa as mãos
Primavera obscura!
Incute nos homens de poder o respeito pelo planeta que
nos acalenta
E pelos seres que connosco permanecem
Como se fosse um cerimonial sagrado de água benta
Primavera vazia onde as pessoas se recolhem em casa
Pois a maleita espreita e o medo alastra
Os preconceitos afloram em gente que outrora foi
delicada
E o ser humano transforma-se em besta incerta e
desnorteada
Incorreta medonha e no semelhante anseia dar a final
facada
Primavera meu amor!
Traz a força para nos tornarmos benfeitores
E incute nos governantes a humanidade que lhes falta
Afastando a soberba que conduz um povo para a
inevitável morte
Primavera silenciosa de ruas nuas onde uma flor grita às
outras
Que é tempo de acordar para o sol de germinar e ter esplendorosa
sorte
É hora de incutir nos homens a responsabilidade de
todos para com todos
Que o dinheiro angariado à custa de guerras sem lógica
Esmaga a criatividade genuína e abafa o amor como
motor primordial
Que põe em movimento o afastamento do genocida qual
espantalho do mal
Esta mensagem silenciosa tem de ser recebida
No interior de cada indivíduo de coração dadivoso e
sereno
Para que passada a ansiedade e o rescaldo de Verão
O Inverno cinzento e chuvoso seja promissor e ameno
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