A agulha cose o rasgão das calças e a estrela paciente
recolhe-se
No horizonte oceânico revolvendo as ondas exaltadas do
tempo
Perante o egocentrismo total da bicharada que se
pavoneia alheada
As lentes dos óculos falham a perspetiva do enfiamento
da linha
No alvoraçar da busca sequiosa das insígnias e pódios
de honrarias
Impregnadas de dinheiro pegajoso passado por debaixo
da mesa
Em cenas acesas de holofotes venenosos em rasgos de pornografias
É diminuto o buraco da agulha descerrando passagem
para a abundância
Enquanto resvalo solitária no campo difuso do
ostracismo
Perco-me nos dorsos cansados e na sinuosidade dos
reflexos
Espera-me um terreno crepitante aberto à nudez trôpega
dos loucos
Uma clareira infinita que me suga os membros e o
cérebro esgotado
Numa gélida insulação apartada de um rebanho em agonia
de moucos
Como animal ferido esbarro contra paradoxos dando o
último suspiro
Longe da corrupção humana pois nada tenho para vender
Padeço com o homem adormecido em narcóticos na calçada
da cidade
Contemplando esmorecida o ser prostrado e desprezado
Inundado de suor lágrimas e álcool de cansaço ajoelhado
No calor abrasador e sufocante da face crua de Lisboa abandonada
Miserável indiferente e atafulhada vivendo de arruinadas
impregnações
A cidade sofre como eu a metamorfose dos corpos pobre
e desencantada
Onde o sufoco aperta nas ruas vazias e esquinas de
neuroses e alucinações
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