A estranheza do corpo que manobro confunde-me os
sentidos
Compelindo o deglutir da saliva impregnada de palhaços
malabaristas
Que se divertem jubilosos por entre os espaços em extenuação
Esses estupores adquiriram garras e caninos afiados
como lâminas
Que rasgam os músculos e esperam risonhos que me
contorça
Aguardando na fila em penitência para a entrada na
cremação
Os bichanos olham-me fixamente como se adivinhassem
A vibração deturpada com que me congelo fintando a dor
Por entre arrepios de frio que me cortam em pedaços
Inventando circulações de física quântica
Abrindo e fechando portais de ecos melindrados
Com a incoerência traidora da espécie humana
E uma parte de mim se desprende e enreda por outros espaços
Como conseguimos sobreviver perante tamanha estupidez
Em alternativas esquizofrénicas pulando em andarilhos
de louva-a-deus
Cegueira crua e dura convencidos da posse eterna do
paraíso
Assinamos um pacto com a química em diabólico jogo
estético
Camuflado por mecanismos de contenção e libertação que
a ciência refez
A espera conduz-me a outras pistas acidentadas de
múltiplas probabilidades
Pois ainda se pavoneia o silêncio nas ruas salteadas pelo
desespero
Em rotações aleatórias infiltram-se enguias nos muros
escorregadios
Onde a falta de sentido estende lençóis de líbido adiada
Arrasando a individualidade nas masmorras do horror
Em intermitências de incógnita por detrás das mascarilhas
abafadiças
Perante um vírus em órbita sem ética empatia nem pudor
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