Foto: José Lorvão Meu corpo avança nas águas vibrantes pelo remoinho de vento Levantando o areal em vórtices de instável desalento E a solidão que me dá o nome cria enredos e flutuações Transparências arrepios disfunções com que me acalento Em mar salgado que me massaja os músculos do desapego Retorce-se o gelo no recorte da enseada Pela fortificação denunciadora de pavores abaulada Estratagemas de defesa perante desavindos de atalaia Em batéis de corsários distribuindo o lucro e o poderio Em tempos esquecidos pelas correntes enleadas de Maia Volteio abraçada pela sustentação das frias águas Como criatura sem rosto na invisibilidade da indiferença Sem refúgio onde adormecer as dores obtusas Do retorcer sádico das fraturas cravadas em espetos Amanhecendo em lugar nenhum no desconfigurar dos esqueletos Só a foz do rio prateado me orienta os movimentos Me alerta me vigia me empurra e me absorve os pensamentos Me embala me rasga as forç