A pele amarrotada impõe-se ao respirar de um términus
Que apenas garante a fração de segundo para um sorriso
de abalada
Para outros istmos outras ilhas novas barcaças
Num corpo seco e calejado que faz frente às
intempéries
E ao ritmo do trovejar ensurdecedor
Desliza-se no prolongamento dos desvairos e amarguras
Perante os tímpanos furados na repetição dos gritos e
gemidos
Pelos abandonados órfãos do genocídio permitido pelos
inertes
Que nem pela revolta se levantam
Nem a liberdade louvam
Nem pela bofetada ripostam
Mirram os órgãos na paragem do voo
Pois os parasitas comemoram a festa da sobrevivência
Dando dentadas afiadas no lacrimejar da miopia
esfarelada
Aguardando o laser da incógnita entre o florescer e a
vida alagada
A língua recolhe-se à míngua de discursos
Pois só o chilreado dos pássaros é sagrado
As mãos desenham o último gesto de socorro na
genealogia inflamada
Enquanto os abutres visionam o alimento putrefato
Arrasando o processo de um só ato
É que a pele deixa de ser a fronteira do corpo
Para se esbater na brisa húmida do oceano
Imiscuir-se nos odores do alto das serranias
Ultrapassar o chão e flutuar num aparente paradoxo
Apenas existente no cérebro do bicho racional
Como se tivesse por passatempo um manicómio virtual
A armadilha do nascer perpetua-se no cadeado
enferrujado
Do aprisionar oxidado pelas mandíbulas do corruptível
Onde o pânico do desconhecido cria recreações desencaminhadas
Por entre foles de encher balões fantasiosos e calamidades
vazar
Numa pura engrenagem endoidecida pelo ficar estático
ou no vazio saltar
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