O pó acumula-se indolente na formatação dos utensílios
Ultrapassados pelo bolor dos séculos
Enquanto criaturas se esbatem por entre as incisuras
de um tempo selado
Que venham as lavas e os fogos para reduzirem a cinza
A estranheza dos artifícios plastificados
Na toada desagregada dos não perdoados onde tudo é
névoa
Pois já não distingo os caminhos nem os ninhos
Entre o cereal comestível e a daninha erva
O aperto no estômago explode em lança perdida
No centro da esquizofrenia humana
Que não se apazigua mas dilacera perfura apodrece e
engana
A dor lancinante na cabeça pressiona o olhar sem
roupagem nem lar
Comprimindo o ouvido provocando o bloqueamento do
maxilar
Mesmo num ténue e disfarçado gemido
Um murro obscuro onde se destrinçam estrelas
Inicia a desintegração sincopada das articulações
Abertas em desintegração total sem balizas nem portões
Tornei-me intolerante aos desperdícios e à sujeira
À desarrumação sem justificação
Sem eira nem beira
Às lixeiras flutuantes aos excrementos ambulantes
À venda de carne humana
O refúgio violado sem repouso nem sustento
Ao jogo macabro de interesses de gente sacana
Onde nem a diversificação de cenários me anima o consentido
isolamento
Protela-se a fuga aguardando-se mais um pouco
Depois das tarraxas selarem as vértebras
Estilhaçadas em derramamento o seu conteúdo
Pelo corpo de duração limitada enquanto ainda há vida
Mesmo num conforto inventado em cornadura calcificada
Revolta e debandada!
Desaparecer para longe desta existência açambarcada!
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