Meu corpo avança nas águas vibrantes pelo remoinho de
vento
Levantando o areal em vórtices de instável desalento
E a solidão que me dá o nome cria enredos e flutuações
Transparências arrepios disfunções com que me acalento
Em mar salgado que me massaja os músculos do desapego
Retorce-se o gelo no recorte da enseada
Pela fortificação denunciadora de pavores abaulada
Estratagemas de defesa perante desavindos de atalaia
Em batéis de corsários distribuindo o lucro e o
poderio
Em tempos esquecidos pelas correntes enleadas de Maia
Volteio abraçada pela sustentação das frias águas
Como criatura sem rosto na invisibilidade da
indiferença
Sem refúgio onde adormecer as dores obtusas
Do retorcer sádico das fraturas cravadas em espetos
Amanhecendo em lugar nenhum no desconfigurar dos
esqueletos
Só a foz do rio prateado me orienta os movimentos
Me alerta me vigia me empurra e me absorve os
pensamentos
Me embala me rasga as forças me congela
E me provoca o desmoronar das pontes
O ruir gritante das origens e das fontes
Quando anseio imergir numa galáxia em entrega
vertiginosa e singela
Comentários
Enviar um comentário