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Os escombros distorcidos da ambição




As camas de terra circundam os fetos em oração
Às mães que debandam para esconderijos fugindo dos alacraus
Que enlouquecidos pelos complexos de inferioridade
Resolvem incutir ferroadas por entre labaredas de paixão

Os floreados das galerias de entubação criam armistícios e sortilégios
Perante as bocas ávidas em devoção
Protuberâncias acanhadas na languidez dos preguiçosos
Lambendo os restos e camuflando os membros
Nas ventilações das fornalhas em trocadilhos ociosos

Os fungos agitam-se no processo ambulatório do cordão umbilical
Onde o vampiro marca o passo sequioso pelo vinho da sagração
Lança o engodo reparte o farnel e sacia o narcisismo
Preso no sepulcro do alheamento da tina do batismo

Cogumelos agitam-se no folclore das pigmentações
No intermédio do ser e não ser retesando os minérios
Nas andanças dos estratos e das segmentações
Da perpetuidade trapezista onde se equilibram as bestas
No bico afiado da espada do rei desequilibrado e deposto
Endiabrado de mil caras ditador crápula sem rosto

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Foto: José Lorvão O olhar surpreende a chuva para lá do portal húmido da vidraça Enquanto o estômago é enganado no engodo vertiginoso De uma simples carcaça Os dias repetem os ecos os risos os choros os gritos os abraços e os sorrisos Mas a memória elimina conteúdos de tóxicos recheios Em sobreposição das cordas que serviram para enforcamento E que no agora se transformam em oportunidades de recreio Caminho dentro de roupagens ensopadas e escalo palcos De horizontes em metamorfose inebriantes inalcançáveis sedutores Os sentidos fundem-se com explosões e colapsos Embaraços e desembaraços piruetas e saltos à vara E o corpo de que sou feita prega-me partidas rindo da incredulidade Como se por encantamento ou feitiço me considerasse ave rara Neste atalho por onde deslizo sopro apenas como vento sem norte Uma gota de água derramada no abismo do oceano onde me esvaio e mergulho O resto excedente de uma planície que serve de alimento às bestas A

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