A chuva miudinha transversal ao céu e ao chão
Rasga as cores baralhando-as numa amálgama
cinzenta indefinida
Sustentada pela agitação dos gases paralelos ao
mar das afetações
Perante o escalpe anunciador do perigo da abrupta
mudança
Espreitando o espelho que reflete o encadeamento
dos troncos
Em contornos ondulantes de aguarelas
Enquanto os laços se rasgam pela força bruta
De um devir cínico e malabarista
Brincando com os entes inventores de mitologias
Que se escondem na representação das coordenadas
fictícias
Assinaladas em mapas inventados ávidos de
eternidade
A lâmina desliza pela garganta
Onde os sulcos salgaram os rios da ilusão
Suspensa no estendal de roupa branca
Enquanto as crianças colhiam flores silvestres nos
campos verdejantes
Esconderijos de serpentes e dos grilos cantores
Aguardando o dissecar da pele gretada
Que se entrega finalmente ao nada
O escalpar dos afetos é resguardado pela
impetuosidade do sol
Que indiferente torra os desgostos e as ideias
Desidrata o tumor instalado no sorriso e
embevecimento da vida
Manipulando sem honra a fala que se transforma num
balbuciar
Arrastando o silêncio na revolta do incomunicável
Na queda do testemunho irrecuperável
Na renegação do respirar vegetal dos últimos
tempos
De borboleta planadora e planeadora de inventos
O escalpe aparece sem rosto sem sujeito sem
homicida
Apenas em jeito de carta fechada retendo a
mensagem de abalada
Para outros retiros outros astros e nova esplanada
Em que o discurso se aniquila em gestos últimos de
sobrevivência
E a força esvai-se em ondas de adormecimento
Paralisando na sedação dos códigos
Os membros em débil comunicação
Pois que o caminho tomou outro rumo e inevitável
direção
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