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A permissão decadente do extermínio



 
Foto: José Lorvão
Ligado à ganância de tudo possuir
O colosso materializou-se no elemento mais fraco
Ávido de superar a morte e os bens de todos usufruir

Para tal incorporou no corpo mais débil
Na mente mais manipulável e menos fiável
Cozinhando o submundo quântico da extinção
Extermínio sem piedade feito ingratidão
Pensando o mostrengo que pode existir sozinho
Crucificando e decapitando todos os que o defrontam
Na praça pública no antigo e novo pelourinho

Zango-me contigo monstro decadente
Inconsequente irresponsável ignorante e incompetente!
Quando é que vai aprender este demónio danado
Que a diversidade é rainha
A pluralidade é riqueza
A partilha alegria
E o abraçar da diferença é beleza?

Que energia é essa que te envolve
Que atiça cegamente os diabos da Tasmânia
Cravando os caninos nas criaturas luminosas da floresta?
Não sabes indouto que a pluralidade traz fortuna
A teia do amor provoca o florescimento dos espaços
E tu possesso queres transformar o mundo
Num excremento de coisa nenhuma!

Esqueceste prodígio de trampa das fossas malcheirosas
Que a liberdade vai manter-se de pé
Como uma velha árvore que deixa cair no chão as suas sementes
E mesmo que te permitam os energúmenos que se escondem no rebanho
Que adquiras um trono
Sei que cairás por terra a seu tempo
Pois que só saem de ti ideias toscas malvadas e doentes


Zango-me contigo estupor sem respeito pelos povos
Sem consciência universal de ligação!
Assassinas em vez de a vida aplaudires
Fechas portas em lugar de abrires caminhos
Exploras em vez de a natureza defenderes

Neste e noutro tempo
Vou-te combater monco aqui agora e sempre
Hás-de cair por terra mesmo sem das chacinas teres arrependimento
A minha voz não se calará
Esta e outras épocas atravessará
Serás cepo inerte porque ninguém quer viver
Em paralelo com um homicida psicopata demente!
Não há permissão para a exterminação!
Portanto mostrengo que atravessas os tempos com diferentes máscaras
Convence-te!
Estás condenado à tua própria destruição!



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