Foto:José Lorvão |
O autómato deixou-se injetar pela programação
Do homem máquina do aço e do betão
Das embarcações naufragadas
Pelas guloseimas de espíritos de crianças mimadas
O poeta fechou-se na taciturnidade
Deslizando pela geometria do hiato
E no escuro cintilante do inacabado
Enquanto os perfis virtuais se guerreiam
Nos bloqueamentos das sanguessugas
Criando amarras e dependências oxigenadas em cais
decadentes e frios
E o dinheiro axadrezado em queda de peões e
aristocratas
Cai por terra na lavoura empobrecida e gretada
pelo sumiço dos rios
O mito perdeu-se no genocídio de psicoses mundanas
Na procura do sentido da existência
Onde jamais se avança e tudo se mede
Nas proporções do encaixe das anatomias
reptilianas
Desagrega-se o motor perante o achincalhar da
carruagem
Presos tilintam os elos de ligação que transformam
O amor à vida em neuras de destruição
Então a locomotiva revolta-se no descarrilamento
Talvez por uma virose potencial
Uma esquizofrenia descontrolada um chavascal
Mas pela lógica ultrapassada de causa e efeito
Vem quase sempre uma réstia de sol
A seguir a um tresloucado temporal
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