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O colapsar dos esqueletos



 
Foto: José Lorvão
O calor de inverno expõe a contradição dos tempos
A paranoia subtil dos templos
O ritual ansioso pela eternidade sem nexo dos corpos
Os ligamentos corroeram as células sem comando maior
Mirraram pela invasão da aridez planeada no balançar dos trapézios
Que teimam em criar arquiteturas de corais suspensas
Nas torres sem alicerces de um cosmos fictício
Feito de correntes serpenteantes na escuridão dos invisuais
Que palpam os nutrientes de subsistência
Perante o gozo estonteante dos criadores da existência


O calor de inverno traz consigo o gás venenoso
Provocando o automatismo dos automobilistas da avidez
Fazendo pacto misterioso com o acelerador de partículas
Os pés transformam-se em bolas de sabão
E flutuam na maré salgada dos oceanos
Esperam a muda da pele esperançados na eternidade da beleza celeste
Os braços metamorfosearam-se em asas de condor
Controlando das alturas a passagem das criaturas de escravos a senhor


O calor de inverno troca os costumes
Não faz a distinção entre alimento e magro sustento
Inventa novas piruetas e empurra para os vulcões em atividade
Os irrequietos e renovados estetas
Enquanto a matreirice espreita e delineia o golpe
Perante o roer de unhas desgastadas pelas incongruências das crucificações
Pelas cidades corrompidas pela contaminação dos canais aquíferos
Onde os ratos flutuam na mixórdia dos dejetos
E sobrevivem como vampiros pela acidez das deceções

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